Nem tudo é vazio

Nem tudo costuma ser vazio.
Os corpos não são.
Uma massa sólida composta de proteínas, lípideos e muita, muita água.
Muitas substâcias que coexistem, trabalham e se modificam; interagem...
E voilà! Ai está você vivendo, respirando e interagindo com o ambiente!
Mas, mesmo depois de tanta reação química e de tantas interações fisicoquimicas,
você ainda se sente vazio.
O que te preenche meu caro, na maioria das vezes, não é a intensidade generosa
do eu, mas vastidão incerta do nós, do eles...
Não nos aceitamos sós; mesmo que dentro de nós exista um oceano profundo
repleto de belezas e amores... Nada parece completo se não existir o outro e mesmo
que já tenhamos muito do mundo, não nos damos por vencidos... Não ficamos satisfeitos.
Mesmo que estejamos plenos, não aceitamos isso.
Precisamos aceitar a nossa plenitude para que assim possamos aceitar o descontentamento
ou o profundo contentamento do outro!
Somos completos e quando perceber isso, acredite, você encontrará a alegria!
A alegria de existirmos, de sermos cheios!! Cheios , as vezes, de vazios que não completamos,
mas essa é a coisa boa! Ainda podemos aprender mais e mais! Porém, satisfeitos com o que se é.

Quando perto de você,
é fácil sentir a densidade do ar.
Algo como estrelas e borboletas
que me deixam flutuar.

E deixá-lo é tão triste e pesaroso
que me deixo esquecer de você.
Assim não dói. Assim dói menos.
Assim dói e continua doer.
Dói.

Eu estou tão perdida,
tão sozinha aqui, sem você.

Queria poder olhar para o céu,
dar três voltas sob meus calcanhares
e chegar até você.

Me incomoda ver as pessoas seguindo, crescendo.
Não quero ficar para trás.Ser esquecida.
Quero acompanhar aos amigos e inimigos.
Quero ser igual. Perdidas entre as pedras que aparecem no meu caminho mas,
nunca deixada para trás.

O caminho é solitário, árduo e triste.
Não quero ser solitária.
Ser solidária a dor em meio peito não é uma opção.
Quero andar, crescer e acompanhar aos que amo.

É pedir muito?
É tão feio esse egoísmo que tece minha alma?
É tão asquerosa a ponta de inveja que perfura a pele?

Sim, é tudo muito ruim. Mas, pecados todos têm e eu,
não me importo em ser pecadora, santa ou qualquer coisa.

Não vou andar só. Mesmo que a companhia seja a da minha própria alma,
Eu vou estar acompanhada.

Por que vê-la me machuca.
Ela caminha, eu caminho. Seguimos caminhos diferentes.

Ela mora aqui, dentro do meu coração mas, e eu?
Ainda existo dentro do dela?

Ela teve filhos, está casada e tem uma família.

Eu estou sozinha,
Vivendo em um lugar que eu peço aos céus que eu vá embora logo.

Eu espero que ela continue caminhando e que siga bem,
Feliz.
É o mínimo que posso fazer por ela, a menina dos meus olhos.
Posso apenas pedir pela sua felicidade e pela felicidade do anjo que saiu de seu ventre.

Mas, acho que depois de tudo, não é egoísmo pedir que eu viva em seu coração,
mesmo que em sutis e longinquas lembranças.

Porque de todas as lágrimas que derramei, as que choro agora, pela sua ausência, são as que mais doem.
Porque de todas as lembranças que tenho, as suas continuam sendo as mais doces e a saudade é o fruto mais amargo que colho delas.
Porque de todo o amor que sinto, o seu sempre é o mais latente e o que mais sangra por saber da distância. Mas, meu pequeno anjo, eu sei que estamos juntos pois estás aqui, dentro de mim.

Quando você voltar para ela,
eu irei sofrer...
Quando você voltar para ele,
eu voltarei a tristeza....

Você tinha me ensinado a viver,
Eu aprendi a correr a favor do planeta mas,
se você me deixar, eu retornarei ao nada.

Quando você voltar pra ela,
eu irei chorar...
Quando você voltar para ele,
eu irei lhe chamar...

E minhas lágrimas secarão sozinhas,
e se você não me responder,
eu irei morrer.